segunda-feira, 26 de abril de 2010

Arritmia Cardíaca


Aos dezesseis anos de idade fui diagnosticado com arritmia cardíaca (arritmia supraventricular... bla, bla, bla, esqueci o resto) e a partir daí minha vida mudou um bocado.
Em primeiro lugar, meus pais me olhavam como se eu fosse morrer a qualquer momento. De fato existia o risco de morte súbita, mas não era legal ver isso nos olhos deles. Em segundo lugar, tudo o que eu fizesse que demandasse esforço físico tornava-se um pequeno drama. Ficavam me perguntando se eu não estava exagerando, se não era melhor parar, etc. Como eu não dava muita bola para isso, não deixava de viver minha vida de atleta (esse período alcançou a época em que eu jogava volei e o início das minhas pedaladas). Ora! Fazer o quê! Era uma escolha: eu poderia viver intensamente fazendo o que gosto e acabar morrendo; ou continuar vivendo como se morto estivesse. Das duas optei pela primeira. Em terceiro lugar, sem que eu soubesse, as pessoas mais próximas tomavam cuidado para não me alterar emocionalmente. Isso era chato, depois tento dizer porque.

Essa doença era uma droga. Ela em si não me incomodava. Como meu médico dizia, ela era assintomática. Isso, by the way, era estranho, uma vez que meu coração batia 24hs por dia errado. Não é brincadeira ou exagero, não havia um momento no dia em que ele batesse certo. Mesmo assim, não havia sintomas físicos visíveis. O que incomodava mesmo era o medo que eu via na expressão dos que me rodeavam. Isso acabou me deixando um pouco medroso também. Não sei o quanto isso me afetou psicologicamente, mas deve ter alguma sequela guardada aqui. Pra que se tenha uma idéia, o único momento em que eu sentia, aliás, ouvia o coração bater errado era quando eu estava em repouso, parado, deitado na cama, ou seja, quando supostamente meu coração estava em "segurança", livre de qualquer esforço excessivo. E por quê? Provavelmente porque era o momento em que eu parava para, sem querer, pensar nisso. E eu pensava nisso por quê? Porque as pessoas não me deixavam em paz com esse assunto. Coincidência ou não, era nesses momentos que eu sentia o peito doer... Chato, muito chato.

Como se não bastasse, ainda tinha que tomar um remédio que impedia meu coração de atingir a frequência máxima. Imagine-se o quanto isso é f... para um atleta. Era um betabloqueador chamado Ritmonorm.

Até que chegou o dia em que fui curado. Depois conto como foi essa história.

Depois de estar curado e retornar a Fortaleza, senti pela primeira vez na minha vida o que é ficar exausto. Peguei minha bicicleta (na época uma Specialized Rockropper) e fui rodar lá no Porto das Dunas. Na volta, curioso pra saber o significado da expressão "sentir o coração sair pela boca", aproveitei uma subida, acelerei e sustentei a velocidade até não aguentar mais.

Na época ainda nem treinava ou disputava competições. Só gostava de passear e andar forte de vez em quando.

O fato é que fiquei exausto, realmente exausto, mas muito, muito feliz...
E eu sei que toda essa atenção distorcida que meus pais e familiares me dispensavam era porque queriam o melhor para mim...
Falou.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Fotos.

Como todo mundo, gosto de tirar fotos. E aqui acolá aparece uma bem legal. Gostaria de dizer que, antes de apertar o botão, pensei na foto, ajeitei o zoom, calculei a abertura do obturador, captei o melhor ângulo e zás... tirei a foto. Mas isso não seria totalmente verdade. A verdade é que vejo uma imagem, acho que ela fica bem numa foto e clic! Para sair como imagino, adoto o método de tentativa e erro. Quando fica boa, guardo e apago o resto.

Hoje, com esta história de máquina digital, isso ficou fácil.

É isso. De médico e louco, aliás, de médico, louco e fotógrafo todo mundo tem um pouco.

Olha aí algumas.

Aluguei pra andar no Ibirapuera. Uma carroça, mas deu pro gasto.

Eu testando a máquina nova.

Parque do Ibirapuera


Parque do Ibirapuera


Parque do Ibirapuera
Depois coloco outras.
Falou.









sábado, 3 de abril de 2010

Como treinar o seu Dragão





Adoro animações. Adoro desenhos animados também. Então as duas coisas juntas dão muito certo para mim.

ALERTA: Se você ainda não viu este filme, não leia.

O filme é a história de uma comunidade viking que vive em uns rochedos à beira-mar e tem como atividade principal matar dragões. Na verdade a atividade principal é sobreviver, como todo ser humano, mas, no filme, matar dragões é uma parte importante deste processo.

Para contar essa história, temos o garoto Soluço, filho do chefe da aldeia. Soluço é um menino magricela bom em mecânica e desenhos que sonha em ser um bom matador de dragões como seu pai e os demais homens da aldeia.

Ele é um cara desastrado para esta específica atividade, o que mostra que não é de sua essência matar dragões. No entanto ele anseia por tal coisa, pois foi criado e aprendeu que aquilo é o que é certo, ou melhor, ou mais digno, ou etc... A história das nossas vidas não? Quem aqui nunca desejou ser algo ou alguém por mera influência, por imposição cultural ou para atender as expectativas daqueles a quem devemos prestar contas de nossas vidas até ficarmos independentes (leia-se pai e mãe)!? É isso.

O filme é legal, bem movimentado e não achei chato ou enfadonho em nenhum trecho.

Começa com os dragões atacando a aldeia para roubar ovelhas. O Soluço, quando os bichos desferem o ataque, consegue derrubar um dragão ultra-mega-super perigoso (até prova em contrário) com uma máquina que, acho eu, ele construiu, mas ninguém acredita nele, pois, para todos, ele é desastrado demais para conseguir pegar um dragão, ainda mais aquele.

Ele vai atrás do tal dragão abatido e o encontra machucado. Tenta matá-lo e não consegue, o que revela sua natureza. Ele o solta, o dragão ataca, mas igualmente não mata o garoto, o que já mostra a primeira noção de equilíbrio do filme: se não me fizeres mal, não te farei mal.

O dragão, mesmo livre, fica preso numa clareira, pois, quando derrubado, perdeu uma das asas traseiras, que aparentemente servem de leme, e assim não conseguia mais voar de forma controlada. Soluço vê a situação e decide ajudar.



A partir daí, o filme gira em torno de duas realidades: a do garoto e aquilo que ele é (quando ele está com o dragão e cuida dele para que ele possa voltar a voar); e a do garoto com aquilo que ele deve ser (na aldeia, inicia-se o treinamento para matar dragões e ele é escalado para participar).

Ao mesmo tempo em que o Soluço é convocado para o treinamento, seu pai, rei da aldeia, sai com os guerreiros para tentar achar o ninho dos dragões e com isso eliminá-los de uma vez.

À medida em que Soluço cuida do dragão e tenta consertar sua cauda com uma de suas engenhocas, vai conhecendo os hábitos destes animais e aplicando esse conhecimento no treinamento contra dragões. Com isso, ele ganha destaque entre os alunos.

No processo de consertar a cauda do Fúria da Noite (dragão ultra-mega-super perigoso abatido), acontece de, em certo momento, o animal alçar vôo com o moleque acidentalmente em cima dele, e este acaba se dando conta de que precisa de um mecanismo para controlar a asa artificial que projetou, se não o dragão não teria controle ao voar.

Ele aprende então a voar com o dragão, que recebeu o nome de Banguela, e este aprende que precisa do Soluço para voar. Está feita a simbiose. No mesmo processo, ambos aprendem que podem conviver juntos e que a razão para se matarem é uma questão de necessidade imposta por fatores externos que nada dizem respeito à relação homem-dragão, ou seja, homem e dragão podem ser amigos.

Durante este aprendizado (como voar com um dragão, ou, para este, como voar com um ser humano) eles dão vários passeios pelo ar, inclusive chegando, meio que sem querer, até o ninho dos dragões.



O ponto alto do filme acontece quando Soluço, em virtude de ter se destacado no treinamento, ganha o direito de matar um dragão na arena de treino, mas hesita e diz que não pode fazer aquilo, assumindo perante todos, inclusive perante o pai (que retornara da busca pelo ninho sem sucesso) a pessoa que ele realmente é.

Então ele não mata o dragão, mas este, acuado, ataca o garoto. O Banguela, de longe, lá na clareira onde ficou preso e onde tanto tempo passou com o Soluço, escuta o garoto em perigo e vai salvá-lo. Aí é uma confusão: prendem o Banguela, o pai do Soluço fica decepcionado com ele, porque ele, em vez de matar, é amigo de um dragão, etc. O garoto dá com a língua nos dentes e diz que o Banguela uma vez o levou para o ninho. O pai prende o Banguela num barco e vai atrás do ninho. Ele encontra e descobre que um dragão do tamanho do Godzila é a razão pela qual os outros dragões atacam a aldeia: se não o fizerem, o dragãozão vai devorá-los.

Acontece uma briga gigantesca. O Banguela e o Soluço salvam o dia e o garoto perde uma perna no processo, quando despenca do céu para a morte certa, mas é salvo pelo Banguela. Isso é um ponto interessante no filme. Ele perde uma perna, mas essa perda fica reduzida diante da alegria que é ver o garoto vivo, bem como as transformações no modo de vida da aldeia que ele produziu com seu comportamento "rebelde" e a atitude de, em vez de matar, compreender os dragões.

Todos na aldeia agora tem um dragão para voar e tudo fica bem.

No fim, fica bem clara a idéia de que alguém, por ser diferente de todos ou da maioria, pode ser exatamente aquele que faz a diferença que importa, a diferença que todos precisam para viver melhor. E a tal da perna perdida... É um choque, mas logo você esquece, pois, como disse, fica bem definido que essa perda é pequena diante da vida, agora preservada, do próprio Soluço, e diante das mudanças promovidas pelo mesmo. Ou seja, o Soluço, agora espiritualmente inteiro e em paz consigo mesmo e com seus pares, se tornou bem maior do que suas partes... Bem maior inclusive do que sua perna.

E ele continua com o Banguela. E ganha a garota bonita. E o respeito do pai.

Fim.

Trek 6300

Continuando com fotos e alguns detalhes:

- A suspensão é uma Fox RL de 100mm
- Os freios são os Avid Juicy 3 (bons freios, mas um v-brake deore xt faz o mesmo efeito)
- Ela pesa 12,550
- Pedais Wellgo
- O cassete é 11-34