So... The Berg´s
Congress is over...
Existe
muita coisa para se dizer a respeito desse evento. Muita coisa boa e
muita coisa ruim. Dentre mortos e feridos, escaparam todos, como
diria o velho dito popular. Uma impressão específica, no entanto,
ficou bem marcada para mim.
Essa
impressão decorre de duas imagens bem simples, uma foto mental que
tirei em determinado momento em uma das várias aulas que aconteceram
por aqui e uma outra, no penúltimo baile.
A
primeira foto envolve dois estrangeiros (espécie de ser humano bem
comum por aquelas bandas) dançando zouk. O cavalheiro era o típico
gringo: bermuda, camisa social de manga curta com um botão aberto em
virtude do calor, meia e sapato (curiosamente a meia não estava no
meio da canela). A dama, por sua vez, até passaria por uma iniciante
brasileira na dança, se considerarmos suas roupas: sapatilha de
dança, bermuda de lycra, camisa branca e cabelo preso. Mas a cor da
pele, os olhos e a língua por ela falada deixavam claro que se
tratava de uma outsider.
Os dois
aparentavam ter mais idade do que a média da juventude presente aqui
em Porto Seguro e faziam algo que, para muitos, é bem difícil: eles
dançavam. Não me refiro à execução de passos ou de movimentos.
Me refiro ao fato de que os dois estavam ali presentes um com o outro
se divertindo como duas crianças descobrindo o vôo de uma borboleta
num parque ao lado de casa. Eles dançavam e não se importavam.
Aliás, importavam-se um com o outro. E divertiam-se um com o outro.
E cuidavam um do outro. E divertiam-se um com o outro... A
insistência no verbo divertir decorre da clara manifestação de
alegria daquele momentâneo casal. Eles sorriam muito.
Riam a
cada giro, a cada manobra, a cada reencontro do olhar após algum
mirabolante novo passo aprendido pelo cavalheiro em alguma das várias
aulas do Congresso... E simplesmente riam.
A outra
cena mostra, novamente, dois estrangeiros: ele, mais velho, mas não
caquético, e ela, uma boa dançarina, a meu ver realmente jeitosa,
especialmente se considerar o fato de que veio de outro país onde,
em geral, a ginga para dança não é tão comum. Ele estava tão
imerso naquilo que estava fazendo que simplesmente pulava em volta da
dama. Literalmente pulava. Ela, por sua vez, longe de manifestar-se
estranha àquela forma inusitada de dança, fazia sua parte, girando
e marcando os passos juntamente com os saltos do cavalheiro. Curioso
e engraçado, mas igualmente lindo de se ver. E, mais uma vez, a
alegria na expressão dos dois... Bom, a expressão dela não era tão
assim, mas a dele mostrava claramente a satisfação de simplesmente
fazer aquilo que lhe é natural e espontâneo.
O
espírito do Congresso é bem esse mesmo. Alegria do começo ao fim.
Ao menos é esse o produto vendido pela organização e, se você
souber comprar esse produto, analisando bem seu custo-benefício, a
diversão é garantida.
O
Congresso de Zouk/Lambada organizado pelo Berg é um evento sui
generis. Lá se conhece gente de todas as partes do mundo. Eu,
por exemplo, conheci americanas, australianas, israelitas, russas e
argentinas e brasileiras de outros estados... Os substantivos no
feminino é porque, naturalmente, sendo homem, conheci mulheres,
afinal é com elas que danço. Você aprende a dançar, não porque
aprendeu um zilhão de passos diferentes, mas porque, de tanto ver
professores e alunos dançando, você meio que entende o que está
acontecendo e pega isso para você, criando, aperfeiçoando e, em
geral, fazendo sua dança.
Grande
parte das pessoas estão ali para isso: soltar-se ou descobrir um
lado seu que não conheciam. A outra parte está alí para se exibir
ou pegar alguém. Isso também é bom, saudável até certo ponto
(exibir-se, nem tanto, mas pegar alguém, sem dúvida!). No entanto,
mesmo esses acabam se entregando ao sentimento mais forte presente no
congresso, que é o velho foda-se. Nesse
caso, especificando um pouco mais, foda-se, eu quero
dançar.
Particularmente, eu não estava,
nesse Congresso, feliz como gostaria ou como achei que estivesse,
mas, mesmo assim, tive contato com esse sentimento e foi bom, muito
bom. Tão bom que pretendo ir de novo.
É isso.
Recomendo esse Congresso. Sozinho, mal ou bem acompanhado, de lá há
possibilidade de se tirar algo de bom para a vida.
And, for those who may
understand the message, it´Z over.