sexta-feira, 10 de julho de 2015

Projeção


Aprendi o significado psicológico desta palavra há alguns anos atrás e fiquei chocado o quanto o mundo vive em função disso e o quanto eu mesmo vivia/vivo em função disso.

O que é? De forma simples, é quando você vê em alguém algo que é mais seu do que da pessoa observada. Você, observador, projeta (geralmente de forma inconsciente) na pessoa observada algo que você sabe que tem em si, mas que não necessariamente é uma característica de quem é observado...

Complicado? Deixa eu ver se dou um exemplo... É mais ou menos assim: uma pessoa Beta possui uma característica X. Essa característica X é, para a pessoa Beta que a possui, algo não agradável (talvez um defeito). Por ser algo que não agrada, Beta não gosta de tal característica e tenta omiti-la de seu comportamento (isso não é reprovável... às vezes é até recomendável). 

Ainda sobre a característica X, para instrumentar nosso exemplo, vamos considerar que, quando esta se manifesta em Beta, o faz através de um olhar, de um jeito de falar, de um posicionamento de corpo, de um trejeito qualquer, fazendo com que a característica X, em Beta, possua um modo de operar próprio.

E a projeção? 

Suponha que Beta esteja passeando na rua e vê uma pessoa Gama com um olhar igual ao de quando a característica X se manifesta nela, em Beta. Beta, se for alguém comum, não trabalhado, não consciente, tenderá a achar (e muitas vezes ter certeza) de que a pessoa Gama também tem a característica X, baseada unicamente no fato de que o mesmo olhar está ali presente.

Mas Beta não tem como saber se Gama tem tal característica, especialmente porque a pessoa Beta está se baseando unicamente num olhar, elemento este que pode ser a manifestação de várias características (Y, Z, K etc, ou mesmo a X). O fato é que Beta não tem como saber se Gama possui tal característica ou não.

E qual o problema? O problema é que Beta, além de tender a enxergar tal característica em Gama, tenderá também a não gostar de Gama, julgando tal pessoa de forma temerária e apressada. Por que não gostar? Porque Beta não gosta da característica X em si própria.

O mesmo raciocínio vale para características que gostamos em nós mesmos. Se a projetamos em alguém, temos tendência a enxergar nela alguém para se gostar etc.

No fim das contas ninguém conhece ninguém de forma absoluta e 90% dos julgamentos que as pessoas fazem umas das outras estão equivocados ou dizem respeito meramente a uma projeção de A sobre B.

Por que esse post? Porque passei por isso ontem. Fiz uma projeção (absolutamente inconsciente e isso é o que mais me assusta) e fui vítima da projeção dos outros.

Como assim absolutamente inconsciente? É que foi tão inconsciente que acabei manifestando na fala emoções que não correspondiam a nada do que eu verdadeiramente estava sentindo. Em suma, eu estava mega tranquilo conversando numa discussão extremamente interessante e instigante, mas quem me viu na discussão talvez tenha achado que eu estava exaltado... 

Palavras da Bzinha...

E a vida continua.

 


quarta-feira, 1 de julho de 2015

3... 2... 1...






"O que é o certo? Nada, porque certo não existe. Errado? A mesma resposta se aplica.
Sempre que tento, não consigo. Quando simplesmente faço, tenho êxito.
Traumas de infância tenho aos milhares (poucas pessoas, ao longo da minha vida, souberam lidar comigo de forma adequada). Mas o trauma que me tem causado transtornos não está só na infância. Está na vida inteira.

Essa busca incessante pelo objetivo da vida me agonia desde sempre. As pessoas que coloquei no meu caminho, muitas delas não fazem a menor ideia do que se trata essa procura. Presumem ser felizes e, em sua felicidade, esquecem daqueles que estão ao seu redor, causando-lhes, inclusive, infelicidade. É justo? Óbvio que não.

Você faz, você doa, você se doa, você estuda, pesquisa, aprende e atua. Você entende e age de acordo com tal entendimento. Você pensa, você sente, reflete, escuta, fala e compreende. No final, o que esperar? Uma recíproca seria o óbvio a considerar. Mas a vida não é tão simples... 

Eu já pedi desculpas. Eu já me pedi desculpas. Eu já pensei trilhões de vezes sobre o assunto e ainda estou incomodado. A realidade é que cansa cuidar tanto de tanta coisa e ainda arranjar tempo para lembrar de si próprio. Parabéns às mães de todo o mundo por fazerem algo dessa natureza.

E nesse mundo de coisas a serem cuidadas, você se esquece de si, aguardando que alguém lembre das coisas do jeito que elas precisam ser lembradas.

Não sei se a culpa é de quem não lembrou ou de quem se esqueceu. A culpa provavelmente é dos dois. De qualquer forma, a única coisa que sei é que explodi e agora estou juntando pedaços."


Post escrito não sei quando... Reli e curti em face do encadeamento de ideias que ele guarda. São bem sinceras e não medem palavras. Vai ficar aqui registrado. Esse blog é pra isso mesmo...

E todos os pedaços já estão praticamente recolhidos...

E a cor da letra é essa de propósito...

Mobilidade Urbana.



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Nome grande que demanda soluções pequenas. 

Se o bom ser humano tivesse juízo, ele mesmo resolveria o problema do trânsito, mas, quando se precisa escolher entre o bom senso e o medo, conforto, segurança, bem-estar etc, o medo, o conforto, a segurança, o bem-estar e o etc. vencem.

A culpa do trânsito infernal que se enfrenta todo dia em Fortaleza não é da administração pública que não amplia ruas, mas do ex-pedestre que realizou o sonho de comprar seu carro. Mas a administração poderia fornecer transporte público de qualidade! E ela está fazendo. Bem ou mal, está fazendo. Vias exclusivas para ônibus (que geraram mais controvérsia do que compreensão e apoio) e melhoramento dos veículos públicos (já temos linhas com ônibus com ar-condicionado, mas ninguém comenta sobre isso).

Em paralelo, o projeto da bicicleta compartilhada toma forma e se assenta como uma solução firme de mobilidade. Ciclovias foram criadas e agora carros e bicicletas dividem o mesmo espaço (não pela cidade toda, mas é um começo).

Qual o percentual de adesão da população de nossa cidade a tais projetos? Não sei. Quantos de nós está realmente fazendo a sua parte para a solução do tráfego caótico? Não sei. Mas sei que o trânsito continua ruim.

Sou um ciclista "aposentado" que provavelmente voltará a pedalar no próximo ano. Antes de machucar o joelho, além de treinar, ia para o trabalho na bicicleta e fazia isso numa época em que a ideia de utilizar a bicicleta para ir trabalhar era meio obscura e controversa e a ideia da bicicleta compartilhada, como conhecemos hoje, talvez nem existisse. Quando perguntado sobre tal experiência (questões de segurança, distâncias a serem percorridas etc), respondia sobre as vantagens de tal medida e como ela trazia soluções para vários aspectos da vida cotidiana. Em contrapartida, meu interlocutor tentava a todo custo mostrar porque não fazia o mesmo, justificando-se de todas as formas possíveis, mas só conseguindo, no máximo, provar que, para ele (ou ela), não era vantagem trocar o conforto do carro pela fluidez do trânsito.

Sempre as mesmas desculpas.

Sempre. 

Todo argumento que ouvi de todas as pessoas se resumia ao fato de que elas não possuíam força de vontade suficiente para abrir mão desse conforto (excetuando-se, por óbvio, aqueles que tem filho ou já estão em idade avançada) em benefício desse ideal de um trânsito ideal. Isso é triste e demonstra que o problema do trânsito em nossa cidade é, na verdade, a cabeça de quem dirige e não a quantidade de carros que ocupa as ruas.

O que fazer? Mudar a cabeça do povo. Fácil? Não. Deve levar mais ou menos uns 30 anos para que se estabeleça a cultura da mobilidade urbana leve (isso considerando que os pais e mães de hoje em dia já mostrem a seus filhos os problemas do trânsito caótico e suas causas). É uma perspectiva de solução sólida? Sim! Mas, como se vê, demorada. No entanto, a despeito da demora, acho que vai acontecer.
 
De imediato, porém, é possível apresentar soluções para o tal trânsito caótico. E vamos a elas:

1. Transporte público de qualidade: como disse mais acima, bem ou mal, a prefeitura está tentando melhorar o transporte público (não só os veículos, mas também as linhas). Eu sei que não há ainda linhas, veículos e conforto suficiente para atrair todos à utilização desse meio de locomoção, mas tudo precisa de um começo. Se o cidadão comum usuário de carro uma vez por semana utilizasse o transporte público, já desafogaria o trânsito e iniciaria para si o hábito de não utilizar o carro. Isso seria um outro começo (um bom começo, inclusive).



2. Veículo motorizado individual: motos, lambretas e bicicletas motorizadas são a solução mais mediana dentre todas, pois não obriga o indivíduo a se locomover pela cidade de ônibus, pedalando ou a pé (caso ele tenha problemas com isso). Se você não dirigir feito um louco, os três são seguros, dentro de seus limites, claro, e cada um ocupa um espaço mínimo na rua. Quatro motos juntas, ocupam o lugar de um carro, por exemplo. Ah, mas um carro é feito para carregar 4 pessoas!!! Dá na mesma!! Mi mi mi mi mi... É, só que hoje em dia um carro só leva uma pessoa (em sua maioria).



3. Bicicleta: veículo ideal para distâncias de até 10km. Deixem de preguiça e comprem uma bicicleta.



4. Andar a pé: ideal para distâncias até 3km. Isso é relativo. Moro a 3,5km do meu trabalho e levo 35min para chegar a pé. É um tempo considerável e não muito atrativo, mas, ainda assim, viável. Cabe a cada um medir seu tempo, suas distâncias e fazer sua tentativa.




É isso.

Quer acabar mesmo com o trânsito caótico? Tirem da cabeça de seus filhos (e de quem mais você puder) que ser bem sucedido nessa vida inclui a aquisição de um carro. Pode convencer ele ou ela sem medo. Ser bem sucedido nessa vida é ser feliz e um carro não necessariamente faz parte dessa equação.