quarta-feira, 1 de julho de 2015

Mobilidade Urbana.



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Nome grande que demanda soluções pequenas. 

Se o bom ser humano tivesse juízo, ele mesmo resolveria o problema do trânsito, mas, quando se precisa escolher entre o bom senso e o medo, conforto, segurança, bem-estar etc, o medo, o conforto, a segurança, o bem-estar e o etc. vencem.

A culpa do trânsito infernal que se enfrenta todo dia em Fortaleza não é da administração pública que não amplia ruas, mas do ex-pedestre que realizou o sonho de comprar seu carro. Mas a administração poderia fornecer transporte público de qualidade! E ela está fazendo. Bem ou mal, está fazendo. Vias exclusivas para ônibus (que geraram mais controvérsia do que compreensão e apoio) e melhoramento dos veículos públicos (já temos linhas com ônibus com ar-condicionado, mas ninguém comenta sobre isso).

Em paralelo, o projeto da bicicleta compartilhada toma forma e se assenta como uma solução firme de mobilidade. Ciclovias foram criadas e agora carros e bicicletas dividem o mesmo espaço (não pela cidade toda, mas é um começo).

Qual o percentual de adesão da população de nossa cidade a tais projetos? Não sei. Quantos de nós está realmente fazendo a sua parte para a solução do tráfego caótico? Não sei. Mas sei que o trânsito continua ruim.

Sou um ciclista "aposentado" que provavelmente voltará a pedalar no próximo ano. Antes de machucar o joelho, além de treinar, ia para o trabalho na bicicleta e fazia isso numa época em que a ideia de utilizar a bicicleta para ir trabalhar era meio obscura e controversa e a ideia da bicicleta compartilhada, como conhecemos hoje, talvez nem existisse. Quando perguntado sobre tal experiência (questões de segurança, distâncias a serem percorridas etc), respondia sobre as vantagens de tal medida e como ela trazia soluções para vários aspectos da vida cotidiana. Em contrapartida, meu interlocutor tentava a todo custo mostrar porque não fazia o mesmo, justificando-se de todas as formas possíveis, mas só conseguindo, no máximo, provar que, para ele (ou ela), não era vantagem trocar o conforto do carro pela fluidez do trânsito.

Sempre as mesmas desculpas.

Sempre. 

Todo argumento que ouvi de todas as pessoas se resumia ao fato de que elas não possuíam força de vontade suficiente para abrir mão desse conforto (excetuando-se, por óbvio, aqueles que tem filho ou já estão em idade avançada) em benefício desse ideal de um trânsito ideal. Isso é triste e demonstra que o problema do trânsito em nossa cidade é, na verdade, a cabeça de quem dirige e não a quantidade de carros que ocupa as ruas.

O que fazer? Mudar a cabeça do povo. Fácil? Não. Deve levar mais ou menos uns 30 anos para que se estabeleça a cultura da mobilidade urbana leve (isso considerando que os pais e mães de hoje em dia já mostrem a seus filhos os problemas do trânsito caótico e suas causas). É uma perspectiva de solução sólida? Sim! Mas, como se vê, demorada. No entanto, a despeito da demora, acho que vai acontecer.
 
De imediato, porém, é possível apresentar soluções para o tal trânsito caótico. E vamos a elas:

1. Transporte público de qualidade: como disse mais acima, bem ou mal, a prefeitura está tentando melhorar o transporte público (não só os veículos, mas também as linhas). Eu sei que não há ainda linhas, veículos e conforto suficiente para atrair todos à utilização desse meio de locomoção, mas tudo precisa de um começo. Se o cidadão comum usuário de carro uma vez por semana utilizasse o transporte público, já desafogaria o trânsito e iniciaria para si o hábito de não utilizar o carro. Isso seria um outro começo (um bom começo, inclusive).



2. Veículo motorizado individual: motos, lambretas e bicicletas motorizadas são a solução mais mediana dentre todas, pois não obriga o indivíduo a se locomover pela cidade de ônibus, pedalando ou a pé (caso ele tenha problemas com isso). Se você não dirigir feito um louco, os três são seguros, dentro de seus limites, claro, e cada um ocupa um espaço mínimo na rua. Quatro motos juntas, ocupam o lugar de um carro, por exemplo. Ah, mas um carro é feito para carregar 4 pessoas!!! Dá na mesma!! Mi mi mi mi mi... É, só que hoje em dia um carro só leva uma pessoa (em sua maioria).



3. Bicicleta: veículo ideal para distâncias de até 10km. Deixem de preguiça e comprem uma bicicleta.



4. Andar a pé: ideal para distâncias até 3km. Isso é relativo. Moro a 3,5km do meu trabalho e levo 35min para chegar a pé. É um tempo considerável e não muito atrativo, mas, ainda assim, viável. Cabe a cada um medir seu tempo, suas distâncias e fazer sua tentativa.




É isso.

Quer acabar mesmo com o trânsito caótico? Tirem da cabeça de seus filhos (e de quem mais você puder) que ser bem sucedido nessa vida inclui a aquisição de um carro. Pode convencer ele ou ela sem medo. Ser bem sucedido nessa vida é ser feliz e um carro não necessariamente faz parte dessa equação.





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