quarta-feira, 14 de julho de 2010

Rebeca


Rebeca atualmente é o "passatempo" favorito da minha mãe (é claro que não é só isso). Ela é a neta "torta" da minha mãe. Depois explico a relação de parentesco.

Rebeca é uma graça. Ela completa 2 anos hoje e, por conincidência, estava lá em casa passando um tempo. Mas esse post não é para falar propriamente sobre ela, mas de uma coisa linda que toda criança possui e que deve ser respeitada por todo ser humano "maduro".

Vou contar uma história verdadeira para ilustrar o que quero dizer.

No Natal passado, estávamos a família inteira reunida na casa da minha irmã e Rebeca estava lá. Ela tinha, na época, 1 ano e 5 meses. Ela é louca pela minha irmã (sua madrinha), pela minha mãe (sua avó "por adoção"), pela própria mãe (cunhada da minha irmã) e pela avó de sangue. Naturalmente ela se sente muito à vontade com elas. O mesmo não pode ser dito sobre a relação dela comigo, meus outros irmãos e meu pai, que não somos estranhos, mas não estamos tão presentes quanto a mulherada aqui citada. De qualquer forma, numa reunião familiar, por exemplo, passado algum tempo conosco, ela já se habitua e se solta, ficando claro, no entanto, que, tendo de escolher, as quatro aqui mencionadas são as preferidas.

O fato curioso é o seguinte: no Natal, aliás, na véspera de Natal, eu estava sentado no tapete da sala da casa da minha irmã brincando com a Rebeca. Tínhamos um brinquedo de montar em forma de palhaço que nos mantinha ocupados por algum tempo e os controles da televisão, dvd e tv a cabo (que ela adorava mexer) com os quais igualmente nos divertíamos (a primeira pessoa do plural é só pra contar a história, pois, na verdade, ela estava se divertindo enquanto eu só assessorava. Os brinquedos não me faziam diferença. Minha diversão era ver a alegria dela).

Em certo momento, a Rebeca se levanta do chão, vem em minha direção sorrindo e me dá um abraço... Eu fiquei quase sem reação no momento. Depois ela voltou a brincar e eu fiquei ali parado, admirado com o que aconteceu.

Esse abraço parece uma coisa simples e realmente é, mas, ao mesmo tempo, é algo extremamente significativo. Não para ela, para quem aquilo foi só uma demonstração de carinho e alegria (igual a qualquer outra), e sim para mim, ser humano formado, teoricamente vivido e maduro, mas que nunca havia presenciado tanta pureza num gesto tão simples.

Minha admiração decorreu do seguinte: eu não sou um dos favoritos dela, não sou um dos que tem mais contato nem estou toda hora no mesmo ambiente que ela. Ela não me deve nada, absolutamente nada. Eu nunca sequer precisei cuidar dela. Adoro aquela criança, sem dúvida, mas para ela eu provavelmente sou só mais um. A beleza do momento está no fato de que a satisfação, alegria e contentamento por ela demonstrados com aquele abraço foram sentimentos puros e livres de qualquer julgamento ou preconceito. Foram sentimentos expressados sem qualquer espécie de limitação em face de seu destinatário, no caso, eu. Ela agiu sem qualquer interesse, sem querer fazer média ou coisa do tipo. Ela simplesmente estava feliz por estar ali e por estar comigo (a pessoa presente naquele momento) e decidiu celebrar isso com um abraço. Simples, tanto quanto profundo.

Quantas vezes queremos fazer algo semelhante com alguém e não vamos em frente simplesmente porque algo nos impede, não deixa. Quantas vezes deixamos de expressar alguma coisa porque a mente não deixa... É... A mente... Trazendo inúmeros pensamentos de um passado que não volta mais e preocupada com um futuro que não se sabe se vai acontecer... A mente atrapalha o momento, embaça, nos faz questionar o óbvio e nos impede de sermos inteiros, de nos expressarmos com liberdade tal qual uma criança.

Uma criança não está assim tão amarrada como nós, adultos supostamente maduros. Ela consegue ser verdadeiramente espontânea. Ela consegue aproveitar o momento e só ele, sem qualquer preconceito, ou prévio conceito, mundano.

Foi o que aconteceu com a Rebeca. Ela não possui (ainda) qualquer memória passada ou temor de consequência futura que a impeça de ser ela mesma e agir conectada com sua essência, atuando na vida de forma verdadeiramente livre.

Esse gesto, pra mim, foi uma lição de vida. E me emocionou, especialmente depois que percebi o que ele representava.

Uma criança é o que é, senhoras e senhores, diferente de nós que muitas vezes somos (ou melhor, tentamos ser) o que queremos ser ou o que achamos que devemos ser. Crianças são espontâneas. Simples assim. Deixem-nas ser.

Falou. E parabéns para a Bebé.

2 comentários:

Raquel disse...

Que post lindo, amor.

Raquel disse...

Que post lindo, amor.