Esse texto surgiu de uma brincadeira que eu e outros amigos fizemos com uma grande amiga. Quem leu gostou, então resolvi colocar aqui. Até que ficou bonitinho mesmo.
A Rosa e a Samam Baia
Rosa era uma bela flor que vivia
numa floresta encantada e detinha um dos trabalhos mais importantes da flora
local: ela era a Guardiã do Conhecimento. Rosa era muito cuidadosa, zelosa, e,
todos os dias, fazia de tudo para que seu santuário permanecesse limpo e com
uma aparência irretocável...
A Biblioteca da floresta era um
lugar mágico, cheio de mistérios, para onde todas as plantas e animais
convergiam quando queriam pesquisar, descobrir, inovar ou simplesmente se
divertirem com os inúmeros livros guardados pela responsável Rosa.
Mas, como tudo na vida, há sempre
um limite. Para que todos usufruíssem e bebessem da fonte do conhecimento, era
necessário seguir certas regras delicadamente impostas por nossa Rosa. Limpeza
e organização eram, talvez, as normas mais importantes... Fuja dessa regra e
nossa flor mostrará que detém mais do que pétalas coloridas...
Bom, mas isso já era conhecido,
não? Como sabemos, toda rosa, a despeito de ser bela e delicada, possui
espinhos. E a nossa Rosa possuía esses espinhos bem afiados! Mas nem sempre
eles estavam à mostra... Em outros momentos, no entanto, ficavam bem evidentes!
De tempos em tempos, os líderes
da floresta percorriam seus domínios para verificar que tudo corria bem e de
acordo com as leis da natureza. General Carvalho e Almirante Pinheiro eram
árvores centenárias, sábios e gentis, porém austeros e muito exigentes.
Nas vésperas de sua visita à
Biblioteca, Carvalho e Pinheiro comunicavam à Rosa sobre sua chegada,
informando dia e hora, e isso era suficiente para que os espinhos de nossa flor
aflorassem mais que suas pétalas. “Nada pode sair errado”, dizia Rosa. “Tudo
tem que estar perfeito! Eu quero essa Biblioteca limpa como o orvalho que
brilha na primeira luz da manhã!”
E assim seus subordinados
faziam...
No entanto, havia uma plantinha
muito sapeca, curiosa, um tanto quanto desleixada, mas boa de coração, que
vivia ali perto. Samam Baia morava num cedro que ficava à apenas 3 ou 4 moitas
de distância da Biblioteca. Ela visitava constantemente os domínios do
Santuário do Conhecimento (era uma apaixonada por livros), mas sempre com muito
cuidado, pois nossa Rosa possuía algumas restrições com a doce Samam
Baia...“Tia Rosa não entende que eu, como uma samambaia da gema, não posso
ficar calçando minhas raízes toda vez que vou na Biblioteca”.
De fato, uma samambaia só possui
folha e raiz... Se cobrirmos um desses elementos, a pobre plantinha não poderá
se sustentar onde quer que vá, pois não terá como se nutrir do solo ou do Sol.
Como ela necessita de suas folhas para ler os livros (seus queridíssimos
livros, vale dizer), precisa manter suas raízes expostas para comer e beber...
Nossa Rosa e a doce Samam Baia,
como se vê, não eram melhores amigas, pois o que aquela limpava esta acabava
sujando. Mas possuíam um respeito mútuo: Samam Baia era a planta mais dedicada
à leitura em toda a floresta e Rosa a admirava por isso; Rosa era a guardiã
daquele conhecimento e o vinha mantendo vivo, limpo e bem cuidado há muitas
gerações e Samam Baia a admirava por isso.
Certo dia, no entanto, houve um
pequeno conflito, mas isso fica para a continuação dessa história...
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