terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Eternamente um aprendiz...





Então... No dia 14 de dezembro de 2012, tivemos uma última reunião na Arte e Movimento antes do festival do dia 15. Estávamos todos sentados no chão em círculo e nosso professor começou a proferir algumas palavras a respeito de nós, alunos. Boas palavras, inclusive, todas, declarada e unicamente, elogios. Ele mesmo disse que ali não era o momento de críticas, mas sim de elogios. Sábia decisão e uma pequena lição de vida para este que, mais do que nunca, se vê apto e ávido por aprender cada vez mais sobre a vida.
 
Falando a respeito deste que vos escreve, apreendi do gentil discurso do meu Professor três qualidades que me chamaram a atenção. Duas delas já conhecia, não por achar que as detenho, mas porque muito já me falaram delas e meio que as aceitei (de muito bom grado e com um certo orgulho, admito) por maioria de votos. Essas duas são charme e elegância. Não vou tecer comentários a respeito disso, porque ainda não vejo muito onde as pessoas enxergam isso em mim. O charme, esse não sei mesmo. A elegância, desconfio que venha da postura (procuro andar sempre com a coluna ereta e tal) e talvez da terceira qualidade que nunca imaginei que teria ou que, um dia, conseguiria adquiri-la.
 
Essa terceira qualidade não me parece descritível em uma palavra apenas. O que ouvi sobre ela é que eu, aparentemente, sei o momento de intervir, de falar, de ouvir, de perguntar etc...

As pessoas não fazem idéia de como foi valoroso ouvir isso.
 
Passei a vida inteira, da infância à adolescência, sendo tratado como uma pessoa desajeitada e inconveniente, como alguém desprovido da medida certa das coisas. De alguma forma, era engraçado ouvir isso porque sempre fui uma criatura reservada, calada e discreta. Lembro que sempre fazia de tudo para passar despercebido onde quer que fosse. Obviamente, esse estigma só aumentava ainda mais a discrição daquele ser em formação, o que me fazia ficar cada vez mais fechado no meu mundinho. Não sei se comecei minha existência como alguém quieto e discreto ou se esse "defeito" que me atribuíam deu início a tudo. Ou ainda se tudo aconteceu ao mesmo tempo. Como nunca saberei, encerro aqui esse raciocínio.
 
O fato é que, segundo meu professor, aparentemente não sou mais essa pessoa inconveniente. Não, senhor! Aparentemente tenho a medida certa das coisas... ou de algumas delas. Longe de ser algo para envaidecer meu ego, essa qualidade, se realmente existir, é fruto de uma vida inteira de observação, de erros graves gravemente cometidos, de uma culpa gigantesca carregada por muito tempo nas costas e da presença constante de um herói discreto a meu lado.
 
Observar sempre foi um prazer para mim e quase a única coisa a se fazer no meu dia-a-dia, uma vez que, quando se quer passar despercebido, falar não é muito uma opção. Erros já os cometi aos montes e não vou me ater a nenhum por aqui, mas alguns deles, realmente, decorreram de uma frase ou palavra mal colocada. Culpa é um troço que me acompanhou por muito tempo e aumentou bastante a gravidade dos meus erros, fazendo com que eu pensasse mais do que o necessário sobre eles (isso se mostrou útil mais tarde, mas essa é outra história....).
 
O herói discreto não poderia ser outro, senão meu pai. Ele ocupa esse cargo desde que eu era criancinha, época em que o acompanhava ao pátio do meu prédio para construir, consertar ou fazer manutenção de alguma coisa.
 
Se eu for falar sobre meu pai, esse post vira um livro e essa não é a intenção. O que vale dizer é que, quando me livrei de grande parte dos véus que me cegavam a segunda perspectiva das coisas, comecei a reparar numa característica sua, a qual nunca havia dado a devida atenção. Não lembro agora se foi Nana ou Lèt (com o acento ao contrário mesmo), ambas ex-namoradas, que me disse certo dia que gostava muito do meu pai, porque ele sabia ser sociável. E eu: "hein? Meu pai? Tem certeza?"... O tom de surpresa decorre unicamente da lembrança imediata de minha mãe reclamando com ele, afirmando que era muito indiscreto, inconveniente... Opa! Onde será que eu escrevi isso antes? Então...
 
Essa observação feita por uma delas ficou guardada na memória até o momento em que minha alma estava preparada para ver. E esse "ver" é um verbo intransitivo mesmo. Vi e fiquei muito feliz e orgulhoso. Percebi, ainda, que em mim havia potencial para algo semelhante, potencial guardado naquele mesmo menino tímido e calado. Desde então tento progredir com essa qualidade. É um caminho árduo, mas é bom andar por ele, pois os frutos colhidos ao longo do percurso são duradouros (frutos colhidos na Arte e Movimento, por exemplo).... E nele continuo indefinidamente.

E esse post é para agradecer a meu pai por ter me ensinado a arte de ser gentil sem precisar dizer uma palavra a respeito disso.

E pensei nesse post porque estou em Itabuna, Bahia.

E essa última frase só faz sentido para mim mesmo.
 
 

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Floripa!





Não bati nenhuma foto, até porque não tive tempo, mas minha memória supre suficientemente minha necessidade de relembrar um lugar tão peculiar.

Quando visitei o Rio de Janeiro, fiquei admirado com a mescla de paisagens naturais e urbanas que ocupam a cidade. Mas não passou disso: admiração. A tão falada Cidade Maravilhosa não me provocou nenhuma faísca de deslumbramento ou algo assim. Talvez eu estivesse com expectativas altas demais, enfim...

Florianópolis, por outro lado, me encantou e despertou em mim a vontade de retornar para passar uns 10 dias ou mais. A cidade possui a mesma mescla de paisagens naturais e urbanas que se encontra no Rio, mas sem a exuberância de um Corcovado, por exemplo. O que quero dizer é que Floripa foi construída numa região litorânea rodeada por montanhas e isso torna seu visual bem interessante. No mais, a cidade é limpa e bem cuidada. Chamou minha atenção o fato de nenhum muro estar grafitado ou algo assim. Os habitantes, até onde pude perceber, são amigáveis e não muito relutantes em acolher alguém de fora.

Não cheguei a conhecer nenhuma das praias, mas isso não reduziu o valor dessa pequena visita. Provavelmente voltarei e espero que seja muito breve. Até porque Balneário Camboriú não fica muito longe de lá...

É isso. Post pequeno só para marcar a visita.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Do céu ao inferno em 2 segundos


 

 
A mente viaja muito, muito mesmo. Dependendo do estado de espírito vivido, ela te convida (na verdade ela te arrasta...) a viver emoções boas ou ruins. E, nesse trabalhoso exercício mental, nenhuma dessas emoções encontra-se no presente, que é o único momento que realmente existe. Situações passadas ou futuras vêm à tona e colocam a alma antes tranquila num turbilhão de sensações malucas que nos levam a transitar entre o bom e o mau humor em questão de segundos.

De repente, estamos no paraíso, vivendo um sonho de ideal beleza e plenitude, onde tudo é perfeito e nada pode atrapalhar a felicidade que ali está estabelecida. Dois segundos depois, encontramo-nos no inferno, conjecturando acerca do que ainda não aconteceu e como isso pode afetar negativamente os sonhos e desejos tão almejados por nossa alma carente de alegria, sonhos e desejos estes que sequer se sabe se vão acontecer...

Isso para não falar sobre o passado. A gente lembra do que de bom aconteceu e perde a noção do tempo pensando como foi gratificante ter vivido o que quer que seja. Dois segundos depois, estamos envoltos num mar de arrependimento, culpa, vergonha, tristeza, raiva etc, por trazer à memória um arquivo que deveria estar deletado já há algum tempo...

Se tivermos algum juízo na cabeça, alguma hora lembramos que nenhum desses pseudo-momentos realmente existe. O que está no passado passou. O que está no futuro ainda não existe. O que sobra é viver o presente e, nele, cuidar para que esse futuro se torne um presente digno de ser vivido e um passado prazeroso de ser lembrado.

Quem é que não passa por isso? Eu sei que eu passo. Aliás, passei.