segunda-feira, 14 de janeiro de 2013






So... The Berg´s Congress is over...

Existe muita coisa para se dizer a respeito desse evento. Muita coisa boa e muita coisa ruim. Dentre mortos e feridos, escaparam todos, como diria o velho dito popular. Uma impressão específica, no entanto, ficou bem marcada para mim.

Essa impressão decorre de duas imagens bem simples, uma foto mental que tirei em determinado momento em uma das várias aulas que aconteceram por aqui e uma outra, no penúltimo baile.

A primeira foto envolve dois estrangeiros (espécie de ser humano bem comum por aquelas bandas) dançando zouk. O cavalheiro era o típico gringo: bermuda, camisa social de manga curta com um botão aberto em virtude do calor, meia e sapato (curiosamente a meia não estava no meio da canela). A dama, por sua vez, até passaria por uma iniciante brasileira na dança, se considerarmos suas roupas: sapatilha de dança, bermuda de lycra, camisa branca e cabelo preso. Mas a cor da pele, os olhos e a língua por ela falada deixavam claro que se tratava de uma outsider.

Os dois aparentavam ter mais idade do que a média da juventude presente aqui em Porto Seguro e faziam algo que, para muitos, é bem difícil: eles dançavam. Não me refiro à execução de passos ou de movimentos. Me refiro ao fato de que os dois estavam ali presentes um com o outro se divertindo como duas crianças descobrindo o vôo de uma borboleta num parque ao lado de casa. Eles dançavam e não se importavam. Aliás, importavam-se um com o outro. E divertiam-se um com o outro. E cuidavam um do outro. E divertiam-se um com o outro... A insistência no verbo divertir decorre da clara manifestação de alegria daquele momentâneo casal. Eles sorriam muito.

Riam a cada giro, a cada manobra, a cada reencontro do olhar após algum mirabolante novo passo aprendido pelo cavalheiro em alguma das várias aulas do Congresso... E simplesmente riam.

A outra cena mostra, novamente, dois estrangeiros: ele, mais velho, mas não caquético, e ela, uma boa dançarina, a meu ver realmente jeitosa, especialmente se considerar o fato de que veio de outro país onde, em geral, a ginga para dança não é tão comum. Ele estava tão imerso naquilo que estava fazendo que simplesmente pulava em volta da dama. Literalmente pulava. Ela, por sua vez, longe de manifestar-se estranha àquela forma inusitada de dança, fazia sua parte, girando e marcando os passos juntamente com os saltos do cavalheiro. Curioso e engraçado, mas igualmente lindo de se ver. E, mais uma vez, a alegria na expressão dos dois... Bom, a expressão dela não era tão assim, mas a dele mostrava claramente a satisfação de simplesmente fazer aquilo que lhe é natural e espontâneo.

O espírito do Congresso é bem esse mesmo. Alegria do começo ao fim. Ao menos é esse o produto vendido pela organização e, se você souber comprar esse produto, analisando bem seu custo-benefício, a diversão é garantida.

O Congresso de Zouk/Lambada organizado pelo Berg é um evento sui generis. Lá se conhece gente de todas as partes do mundo. Eu, por exemplo, conheci americanas, australianas, israelitas, russas e argentinas e brasileiras de outros estados... Os substantivos no feminino é porque, naturalmente, sendo homem, conheci mulheres, afinal é com elas que danço. Você aprende a dançar, não porque aprendeu um zilhão de passos diferentes, mas porque, de tanto ver professores e alunos dançando, você meio que entende o que está acontecendo e pega isso para você, criando, aperfeiçoando e, em geral, fazendo sua dança.

Grande parte das pessoas estão ali para isso: soltar-se ou descobrir um lado seu que não conheciam. A outra parte está alí para se exibir ou pegar alguém. Isso também é bom, saudável até certo ponto (exibir-se, nem tanto, mas pegar alguém, sem dúvida!). No entanto, mesmo esses acabam se entregando ao sentimento mais forte presente no congresso, que é o velho foda-se. Nesse caso, especificando um pouco mais, foda-se, eu quero dançar. Particularmente, eu não estava, nesse Congresso, feliz como gostaria ou como achei que estivesse, mas, mesmo assim, tive contato com esse sentimento e foi bom, muito bom. Tão bom que pretendo ir de novo.

É isso. Recomendo esse Congresso. Sozinho, mal ou bem acompanhado, de lá há possibilidade de se tirar algo de bom para a vida.


And, for those who may understand the message, it´Z over.

4 comentários:

Andreia Almeida disse...

O melhor mesmo que escapou com vida "dentre mortos e feridos", foi o olhar do poeta... que mesmo não estando "feliz como queria",lhe restou sensibilidade suficiente para perceber coisas assim...

"Os dois aparentavam ter mais idade do que a média da juventude presente aqui em Porto Seguro e faziam algo que, para muitos, é bem difícil: eles dançavam. Não me refiro à execução de passos ou de movimentos. Me refiro ao fato de que os dois estavam ali presentes um com o outro se divertindo como duas crianças descobrindo o vôo de uma borboleta num parque ao lado de casa. Eles dançavam e não se importavam. Aliás, importavam-se um com o outro. E divertiam-se um com o outro. E cuidavam um do outro. E divertiam-se um com o outro... A insistência no verbo divertir decorre da clara manifestação de alegria daquele momentâneo casal. Eles sorriam muito."

isso é que não pode morrer, nunca!!!! =]

Isabel. disse...

Não sei quando/onde tu escreveu esse texto, nem teu estado emocional na hora, mas ficou LINDO! Nem é pra ser um texto qualificável de lindo, eu sei, porque o tema é 'normal': o Congresso. Mas li o tempo todo rindo, e definitivamente tu vai ter que pular ao meu redor qualquer dia desses.
E pqp, a gente já conversou sobre isso mil vezes: não tem coisa mais legal que dançar COM alguém e "se sentir dançado POR alguém". Essa conexão pode nem fazer diferença pra quem vê (claro que isso não escaparia aos seus olhos), mas pra quem vive... é O diferencial.
Porque Dançar é isso também, parceiro: querer, e se sentir querido. :)

Márden disse...

Morre não, Andréia! Não tem quem mate não...

E dançar é principalmente isso, parceira! É nóis em Recife :)

Ivna Ferreira disse...

Não posso deixar de dizer que adorei a parte do 'pegar alguém' kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Genial.
E você descreveu bem, com seu ponto de vista, mas descreveu bem. Não consigo observar tão bem os gringos assim. Acho que tenho agonia de gringo rsrsrs Os brasileiros sempre me chamam mais atenção.
Mas, pra mim, o evento passado foi bem melhor, por vários motivos...
E quero ir sempre :)