sexta-feira, 12 de abril de 2013

O espelho nem sempre é seu amigo...





Então...

Há aproximadamente uma semana, iniciei a escrita do texto abaixo. Ele seria um post crítico a respeito de uma atitude que vejo muito acontecer nos ambientes em que tenho andado e que sinto muito presente no âmago das pessoas com quem tenho convivido (nem todas, mas, da maioria, sim...).

Em virtude de uma constatação clarificadora que esbarrou  no meu ser na quarta-feira à noite, não terminei esse texto. Deixei aí firme e estático como estava, de forma a registrar por escrito, tin tin por tin tin, o momento de vida em que ele foi escrito. E a constatação a que me refiro será colocada lá no final deste novo post...


"O homem é um produto do meio

Na época de colégio, ouvi meu professor de geografia dizer categoricamente que essa afirmação é falsa. O que se explicita aqui, em outras palavras é que, na evolução humana, não existe submissão a nehuma espécie de determinismo, ou seja, o homem não é um produto do meio.

Ampliando o sentido dessa últma afirmação, vale dizer que o ser-humano é capaz de transformar qualquer meio ambiente em qualquer coisa que lhe convenha e, com isso, viver da forma que melhor lhe aprouver.

Será?

A máxima de que o "homem não é produto do meio" pode até ser válida para efeitos de fixação a um local e desenvolvimento de uma sociedade produtivamente organizada. De fato, depois que vi criarem uma rampa para esquiar que funciona no verão com gelo de verdade, não duvido mais de nada nesse tipo de questão.

Maaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaas... Em termos culturais, não acho que a mesma afirmação seja verdadeira.

A idéia determinista inserida implicitamente na afirmação que encabeça esse post é de que o ambiente em que o homem está inserido determina a sua forma de pensar e agir. Clima frio: roupas pesadas, pessoas gordas, silêncio, calmaria, movimentos lentos etc.... Clima quente: roupas leves, pessoas magras, agitação, fervor etc... Sabemos que as coisas não são bem assim. Por exemplo (para ser bem simplista), existem pessoas gordas que vivem em clima quente e pessoas magras que vivem em ambientes frios. Ou seja, o meio não obriga o ser humano a ser do tipo A, B, C ou D. Nós fazemos isso conosco.

Se pensarmos nesse "meio" como o grupo social a que pertencemos, no entanto, as conclusões não serão bem as mesmas.

O homem é uma criatura eminentemente social. Ele precisa estar sempre entre seus pares para que se sinta completo e vivo. Basta analisar a vida de qualquer pessoa que não tenha amigos e fica bem fácil de entender o que estou falando. Esses pares, esse grupo, seus modos, trejeitos, costumes, prazeres, abnegações, etc... equivalem ao "meio"a que me referi anteriormente.

Não vou entrar em detalhes de por que isso acontece, mas nós precisamos nos sentir identificados com algo ou alguém. Essa capa protetora costurada pelo ego não é propriamente boa ou má. Ela apenas existe. Nossas escolhas em cima de tais identificações e suas consequências é que acabam se tornando alguma coisa boa ou má.

Mas é fato, para mim, quase incontroverso, que esse meio, o meio social, influencia sim o homem e seu modo de agir.

Dentro desse ciclo de carências, auto-afirmações e compensações é que se encaixam, a meu ver, as escolhas sócio-culturais da maioria das pessoas. Seja qual for o motivo, essa procura de pertinência a um grupo define a opinião das pessoas em quase tudo: o que elas gostam de comer, beber, fazer, conversar; influenciam ainda a espécie de pessoas por quem se sentirão atraídas e que tipo de pré-julgamentos terão daqueles de quem gostam ou não."


Pois é... Escrevi esse texto lembrando e pensando em várias pessoas... Na quarta-feira, percebi que também escrevia sobre mim mesmo.

¬¬

Definitivamente, quando se aponta o dedo para alguém, três outros apontam em sua direção. Até acho que não sou tão influenciável ou volúvel quanto o texto deixa transparecer, mas tenho de admitir que, muitas vezes, mesmo sem querer, também sou levado pela mesma maré.


Post do tipo inception... Quem gosta de filmes ou de memes vai entender esse comentário.


3 comentários:

Ivna Ferreira disse...

A leve pitada de cautela, muitas vezes ajuda. Talvez eu pense assim pq tive muita dificuldade de me definir segundo o Eneagrama. Já te contei essa história. Desde então, não consigo definir ngm, nenhum tipo(eneagrama). Pois todos diziam que eu era tipo tal, e isso ficou na minha cabeça por anos e pensei por várias vezes ser realmente esse. Mas a essência de cada um, isso eu sei bem que não se pode ver tão fácil, se perceber tão tranquilamente. Cada pessoa sabe, lá no fundo o que é. Só nos resta respeitar e ter essa cautela e buscar conhecer.

Andreia Almeida disse...

Texto super interessante... Engraçado, agora eu tive a impressão de ver teu estilo mais "científico", que em trechos como esse, deixa claro que ainda assim, não deixa de ser poético... tu não consegue! :p

"Em virtude de uma constatação clarificadora que esbarrou no meu ser"...

Mas também tive a impressão de que você não conseguiu colocar nem metade do que gostaria e do que estava aí nessa "caixola" por esses dias... parece o registro de uma cabecinha cheia de questionamentos (ótimos questionamentos, por sinal, enriquecidos por um insight de auto-crítica, que infelizmente, é qualidade de poucos...), e claro, difícil colocar todos eles... (marca das "boas imaginações"... e de bons escritores). Eu estenderia esse post se continuasse esbarrando com esses questionamentos vida afora... acho que pode render muita coisa boa ainda, e... quem sabe... te inspirar a apostar em alguma iniciativa nova! :]

Márden disse...

De fato, ele não esgotou o que tinha pra ser colocado não... :P