quarta-feira, 22 de agosto de 2012


Esse texto surgiu de uma brincadeira que eu e outros amigos fizemos com uma grande amiga. Quem leu gostou, então resolvi colocar aqui. Até que ficou bonitinho mesmo.

A Rosa e a Samam Baia



Rosa era uma bela flor que vivia numa floresta encantada e detinha um dos trabalhos mais importantes da flora local: ela era a Guardiã do Conhecimento. Rosa era muito cuidadosa, zelosa, e, todos os dias, fazia de tudo para que seu santuário permanecesse limpo e com uma aparência irretocável...

A Biblioteca da floresta era um lugar mágico, cheio de mistérios, para onde todas as plantas e animais convergiam quando queriam pesquisar, descobrir, inovar ou simplesmente se divertirem com os inúmeros livros guardados pela responsável Rosa.

Mas, como tudo na vida, há sempre um limite. Para que todos usufruíssem e bebessem da fonte do conhecimento, era necessário seguir certas regras delicadamente impostas por nossa Rosa. Limpeza e organização eram, talvez, as normas mais importantes... Fuja dessa regra e nossa flor mostrará que detém mais do que pétalas coloridas...

Bom, mas isso já era conhecido, não? Como sabemos, toda rosa, a despeito de ser bela e delicada, possui espinhos. E a nossa Rosa possuía esses espinhos bem afiados! Mas nem sempre eles estavam à mostra... Em outros momentos, no entanto, ficavam bem evidentes!

De tempos em tempos, os líderes da floresta percorriam seus domínios para verificar que tudo corria bem e de acordo com as leis da natureza. General Carvalho e Almirante Pinheiro eram árvores centenárias, sábios e gentis, porém austeros e muito exigentes.

Nas vésperas de sua visita à Biblioteca, Carvalho e Pinheiro comunicavam à Rosa sobre sua chegada, informando dia e hora, e isso era suficiente para que os espinhos de nossa flor aflorassem mais que suas pétalas. “Nada pode sair errado”, dizia Rosa. “Tudo tem que estar perfeito! Eu quero essa Biblioteca limpa como o orvalho que brilha na primeira luz da manhã!”

E assim seus subordinados faziam...

No entanto, havia uma plantinha muito sapeca, curiosa, um tanto quanto desleixada, mas boa de coração, que vivia ali perto. Samam Baia morava num cedro que ficava à apenas 3 ou 4 moitas de distância da Biblioteca. Ela visitava constantemente os domínios do Santuário do Conhecimento (era uma apaixonada por livros), mas sempre com muito cuidado, pois nossa Rosa possuía algumas restrições com a doce Samam Baia...“Tia Rosa não entende que eu, como uma samambaia da gema, não posso ficar calçando minhas raízes toda vez que vou na Biblioteca”.

De fato, uma samambaia só possui folha e raiz... Se cobrirmos um desses elementos, a pobre plantinha não poderá se sustentar onde quer que vá, pois não terá como se nutrir do solo ou do Sol. Como ela necessita de suas folhas para ler os livros (seus queridíssimos livros, vale dizer), precisa manter suas raízes expostas para comer e beber...

Nossa Rosa e a doce Samam Baia, como se vê, não eram melhores amigas, pois o que aquela limpava esta acabava sujando. Mas possuíam um respeito mútuo: Samam Baia era a planta mais dedicada à leitura em toda a floresta e Rosa a admirava por isso; Rosa era a guardiã daquele conhecimento e o vinha mantendo vivo, limpo e bem cuidado há muitas gerações e Samam Baia a admirava por isso.

Certo dia, no entanto, houve um pequeno conflito, mas isso fica para a continuação dessa história...

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